*GUERRA E PAZ* - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Declaro guerra
À paz das ovelhas nos chapadões, pampas
Pastando serenas e tranquilas;
À paz dos transeuntes nas ruas e avenidas
Correndo atrás dos prejuízos,
Fabricando o pão que lhes saciará a fome;
À paz dos poetas versejando o néctar
Dos espíritos sedentos do amor e esperança;
À paz dos políticos que amam corromper
Os princípios da dignidade, honra
A humanidade, solidariedade,
Nas algibeiras carregam o fruto do povo
Adquirido com suor e lágrimas;
À paz dos juízes que condenam os inocentes,
Paparicam e mimam os culpados
Com banquetes nos restaurantes,
Regados a vinho e whisky;
À paz dos professores que ensinam as lições
Aos discípulos, lições que não lhes mostram
O que é isto - a vida, os valores éticos e estéticos,
Preparam-lhes para os interesses escusos,
Ideologias chinfrins, hipocrisias e falsidades;
À paz dos sonhos e utopias
Do sonho que liberta,
Da liberdade que verbaliza o destino,
Da esperança que compõe o verso da felicidade;
À paz das nações que sistematizam
Princípios, moral, ética em nome do nada,
Em nome da escravidão,
Da ausência de ideais;
À paz dos idosos que, sentados numa tora
De madeira à soleira de suas residências,
Palitando os dentes, esperando a morte;
À paz do gozo no instante da intimidade,
Sentimento do amor, pleno de felicidade;
À paz de mim
Que versifico quimeras e fantasias
Sonhando a Verdade da Vida.


(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE MARÇO DE 2017)


Comentários