/**GLOSSÁRIO DAS SOLIDÕES - IN "PARTITURAS DO ESPÍRITO" - 01 DE MARÇO DE 2017 **/ - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Solitário,
isolado,
vejo-me cercado
de montanhas gigantescas.



Diante de mim
abrem-se abismos
onde se precipitam
as torrentes formadas
pelas chuvas das tempestades.
Desde as montanhas inacessíveis,
para além do deserto
que nenhum pé humano calcou,
até a extremidade
do oceano desconhecido,
da ilha perdida atrás das bordas do mar,
dobra o espírito
re-dobra a alma,
des-dobra o sensível
daquele que cria,
re-cria,
in-venta,
re-faz o glossário das solidões,
o absoluto dos verbos de sonhos,
incessantemente,
e rejubila-se a cada átomo de pó,
a cada grão de areia,
a cada gotícula de orvalho,
vivificado graças à sua palavra,
redivivo graças aos sin-tagmas do ser,
graças aos vestígios silábicos
de desejos de êxtases e glórias.



Algo sensível e trans-cendental
ad-jacente ao inter-dito in-audito
das nostalgias,
melancolias e saudades do tempo.



Do alto de minha solidão, de minha lucidez, abrangendo com o olhar, para além do riacho, desde os vales férteis até as colinas, ao longe, vejo em torno de mim tudo.



(**RIO DE JANEIRO**, 03 DE MARÇO DE 2017)


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