**ESPÍRITO DA COR** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto.


Tempo e espaço
Fundindo-se
Num acorde.
Vento e bosques
Interagindo-se
Num ritmo, melodia.
A lei da gravidade rompeu-se,
Ruiu-se como todas as coisas ruem.
Onde o mundo, as lágrimas
fáceis e sensaboronas,
a metafísica das metafísicas
do corpo em chamas,
dos interstícios da alma,
espírito da cor, da luz, da contra-luz,
do som,
desta paisagem,
a única a trans-parecer seus enigmas,
a única a trans-gredir seus mistérios,
a única a desobedecer os desígnios,
tornando invisível a presença do acaso,
enraíza o pôr do sol em sua carne.


A lágrima estagnou-se ante
a pálpebra tombada:
medo de liquidificar
a angústia petrificada em cada face.


Cônscio de que,
da ad-versidade,
nasce o equilíbrio
e o impulso,
para outros estágios:
a colheita ou a con-templ-ação?


Respirei Bach...


(**RIO DE JANEIRO**, 14 DE MARÇO DE 2017)


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