**ENIGMA - IN "PARTITURAS DO ESPÍRITO" - 01 DE MARÇO DE 2017** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Ainda que as diferenças
conheçam o oráculo obscuro da luz,
se o enigma das mãos unidas
não re-unir o espírito,
o toque será vazio,
a carícia re-conhecerá escuridões;



Ainda que os sonhos particulares
timbrem apelos à eternidade,
se as dúvidas
cortam os corpos vulcâneos,
esperanças avizinham
mortíferas flechas,
gritos despojam
mortes transcendentes.
se hei-de usar o amor e a verdade
para com a vida,
desço à fonte e tiro a água;
Se não,
fico des-obrigado
de minha presença e,
então,
Toco com as mãos
os estatutos do obsceno.



Sentimentos são passados.
Misto de angústia e satisfação.
A esperança não está em posição normal.
Deitada.
Faces reverberam trechos sem ninguém.
No sangue, a carne espalha ruínas simultâneas.
As almas dos justos estão na mão de Deus,
e nenhum tormento os tocará.
Aparentemente estão mortos
aos olhos dos insensatos;
seu desenlace é julgado
como uma desgraça
e sua morte
como uma destruição
quando na verdade estão na paz!
Se aos olhos dos homens
suportaram uma correção,
a esperança deles
era portadora de imortalidade
e,
por terem sofrido um pouco,
receberão grandes bens
porque Deus, que os provou,
achou-os dignos de si.



(Ante)ceder no peito o érido corpo
derroga flechas
circundando de náufragos as fragas absurdas.
Oblíqua presença de solidão.
O que cinzas retumbam
as fornalhas incertas lágrimas apartam
enternecimentos incólumes,
mas a distância infinita
que vai do amor
à convicção do espírito
apela ao que transcende.



(**RIO DE JANEIRO**, 03 DE MARÇO DE 2017)


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