[*EMBORA AS DIALÉTICAS DA MORTE*] - /PINTURA: Graça Fontis/ /POEMA: Manoel Ferreira Neto/


Dia de alegrias
Luzes iluminam templos pretéritos olvidados,
Cavernas abandonadas ao léu dos séculos e milênios,
Grutas esquecidas às contra-mãos dos ideais e projetos,
Re-nascem sonhos deixados nos cofres inconscientes,
Trancafiados a sete chaves, a chave de outro lançada
Ao longínquo do matagal,
Ao sem-fim dos bosques,
Re-velam-se outros ideais, o ser do verbo con-templar
Conjugado de metáforas da metamorfose, espirituais,
Alma do espírito.


A-nunciam-se esperanças inéditas de perspectivas do amor
Do amor trans-sentido, trans-vivenciado à luz da verdade,
Trans-ec-sistencializado aos vazios do absoluto,
De espiritualizar as con-tingências dialéticas da entrega,
Entrega dialética das con-tingências,
Doação ec-sistencial da dialéctica dialéctica,
(nas bordas das miríades de desejos,
moderna moldura barroca da estética)
Espírito da alma a alçar as asas do eterno,
Voando pelo espaço sideral, celestial do além,
Tecido de imanências nostálgicas, saudosas, efêmeras.


O que era quimera, embora in-estimável, olvidá-la
Deixar-me vagando por estradas inóspitas,
É a realidade, conhecimento plástico do que é isto, a entrega


Dia de glória
Saboreando o vinho em goles de memórias,
Saboreando o jiló cru com azeite e sal, em rodelas,
Degustando torresmo fresquinho, krokante,
De estradas trilhadas, no íntimo desejos e vontades
Do encontro da vida, embora as dialéticas da morte.


Quero ser poema, quero ser palavra,
Quero-me bailando entre ritmos, melodias, notas musicais
Sentimentos outros não vivenciados,
Emoções dispersas inda não a-nunciadas
Mostram-se plenas, absolutas,
A alma regozija-se, o coração pulsa.


(**RIO DE JANEIRO**, 11 DE FEVEREIRO DE 2017)


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