**DIALÉCTICAS ESTILÍSTICAS DO GESTO** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Ficar ao léu das tempestade, bonanças
Ficar à mercê da neblina, orvalho,
Ficar à sombra da montanha, da caverna,
Ficar à luz das tabernas nas estradas noctívagas,
Entre a consciência
E a in-consciência,
Entre o cognoscível
E o in-cognoscível.
Reter o instante,
Colher o momento,
Re-colher o agora,
Afagar o aqui,
Deixar que os sentimentos per-sigam os desejos,
As emoções, os volos,
As sensações, as sorrelfas do tempo e das águas
Livremente...
Livremente...
Livremente...
Abandonar os grilhões,
Ceifar os obstáculos, fronteiras,
E ser
O apaziguado.



Chega-se a um estágio,
Entre as estratégias do sublime
E os trambiques do absoluto,
Em que são dispensáveis as palavras,
São recusáveis os sintagmas
São refutáveis as dialécticas estilísticas
E o menor gesto, exíguo olhar o tempo,
Pró-move o entendimento,
Compreensão, inteligibilidade,
Aí inter-penetram-se as solidões,
O amor a outrem,
O pensamento-sentimento,
Vice-versa, vis-à-vis,
Nas nuanças,
por inter-médio das sinuosidades,
Do eterno e efêmero,
Con-duzindo a ascensão
Das dúvidas e mistérios,
Cais fictício da memória
Liberta da gaiola, o pretérito.



(**RIO DE JANEIRO**, 14 DE MARÇO DE 2017)


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