**CANSON** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Pretéritos in-finitos
de tempos alhures, memórias do
vento
nos templos esquecidos, efigies empoeiradas
fora de mim é que, quiçá, deixaram de ec-sistir,
para o que se chama tempo,
esta eternidade negativa não me desola,
desconsola,
entristece...
Pretéritos in-fin-itivos
de verbos algures, sorrelfas do
abismo,
idílios da
caverna,
devaneios do
bosque
nos domus dos horizontes longínquos
em meio a vagas declinações,
em meio a perdidos genitivos,
a verbalização deles retine,
reverbera a própria sombra
sombra dos in-auditos
sombra dos mistérios
sombra dos enigmas
sombra dos destinos...
Pretéritos imemoriais
ser de palavras obnubila inter-ditos do eterno
eterno de nonadas
eterno de travessias
eterno de passagens
palavras de ser en-velam ausências
ausência da perfeição
ausência da compl-etude
ausência do ab-soluto
poesia do in-consciente des-vela angústias
angústia do além,
angústia do perpétuo,
angústia do espírito
ec-siste o paraíso celestial?
ec-siste o inferno?
no mundo, o paraíso celestial
são os desejos da criação, invenção
da verdade
no mundo, o inferno
são as hipocrisias da verdade,
são as falsidades da id-ent-idade
são as farsas da glória...
Pretéritos in-olvidáveis
Música breve,
Noite longa,
O sabre de folha larga e re-curvada
Que sono e sonho corta devagar
Mal se caricatura, desenha no "canson"
O sono que era divino e ab-surdo
é adormecer acordado
numa ilha distante...



(**RIO DE JANEIRO**, 09 DE MARÇO DE 2017)



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