**ARTE-TERAPIA - IN "PARTITURAS DO ESPÍRITO - 01 DE MARÇO DE 2017) - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto
Não
quero a poesia
pela
poesia,
A
poesia propriamente dita
Quero
as minhas neuroses,
Psicoses,
Falta
do ser,
Mazelas,
Medos,
Distúrbios
psíquicos,
Comportamentos,
Atitudes,
Ações
Arbitrárias,
gratuitas, imorais,
Nas
linhas de versos e estrofes
Sou
homem
E
não "poste de cimento armado",
O
"Em-si",
Sou
"Para-si".
Quem
nega as suas verdades na velhice
Vive
de medos do Juízo Final,
Do
inferno,
Seria
que a poesia
Propriamente
dita
Apagasse
o não-ser,
No
mundo ficasse
O
"deusinho da pureza"?
Não
quero compor soneto
de
versos metrificados:
não
tenho fita métrica para medi-los.
Não
quero sentar-me
à
soleira da porta,
con-templar
as estrelas e a lua:
estou
deitado,
olhando
para o teto,
só
letrando o silêncio.
Não
quero um amor
que
alegre o meu viver:
quero
um amor
que
des-faça as minhas alegrias,
faça-me
triste, angustiado.
Não
quero sentir
o
sabor do vazio:
quero
beber o nada
em
pequenos goles
para
sentir-lhe
preenchendo
as
minhas ausências
e
forclusions.
Não
quero ouvir
lírica
de música:
quero
recitar o som
ritmando
a melodia do silêncio.
Não
quero rosas e feras sintéticas,
elétricas
guitarras,
um
solo triste,
sinfonia
louca,
lirismo
pungente,
demente
da gente:
quero
ver o cruzeiro do sul.
Não
quero a vigília da insônia:
quero
a insônia
lucilando
as estesias e ex-tases,
as
estética do prazer sem limites.
Não
quero a morte genesis da vida:
quero
a morte
morrida
de
tanto morrer.
(**RIO
DE JANEIRO**, 03 DE MARÇO DE 2017)
Comentários
Postar um comentário