**ANTRO DE BESTAS A-LUCINADAS** - PINTURA: Graça Fontis/PROSA: Manoel Ferreira Neto


O vento soprou forte, as folhas das árvores flanaram no ar, trouxe o tão aleijado passaporte para novas folhas de outono, gritar bem alto o pensamento em PLENA LIBERDADE.
Frontispício gótico do nada... Auspício expressionista do vazio. Palavras ocas, vãs, re-colhidas do antro de venturas, do covil de desventuras, similar este covil a prédio suntuoso onde se vangloriam importâncias, jubilam glórias, no passado sim, suntuosas Letras, hoje apenas políticas chinfrins rolando, rolando, rolando, letras esquecidas, letras olvidadas, cheios de capricho de felino a saltar por toda janela, zás!, para todo acaso, para todo crepúsculo do ocaso, correr em florestas virgens entre bestas de jubas coloridas, subindo por mentirosas pontes de palavras, arco-íris de mentiras entre falsos céus pervagando, vagueando entre falsos céus, deslizando, flanando. Somente louco. Somente poeta.
Pássaro em liberdade, ver as noites plenas da iluminação, da claridade e dizer ao mundo que re-nasci. A síntese do homem: liberdade, espiritualidade, humanidade. Águia que longamente, longamente olha, nos abismos, em seus abismos, encaracolam-se, para baixo, para dentro, em cada vez mais profundas profundezas.



(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE MARÇO DE 2017)


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