*À POEIRA DAS ESTRADAS - IN "PARTITURAS DO ESPÍRITO - 01 DE MARÇO DE 2017* - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Não sou cúmplice da criação
Sou igual à poeira das estradas - inconsciente bruto
E difiro das estrelas, lua, nuvens brancas e azuis
Pelas inépcias, inércias.



Sou poeira nas calçadas de avenidas e ruas,
Nas margens de caminhos,
Da lama eterna sou habitante
Não viajo, não remo barcos ou canoas,
Não velejo



Que resta das línguas uni-versais/infinitas
Das línguas surdas
Que se entre-cruzavam,
nas curvas das alamedas dos
Mistérios do tempo?



Tenho atrás dos raios numinosos do sol
A dor e a vida, o sofrimento e a ec-sistência
Dados de há muito a muitos como pena
Inscrevê-las nas tábuas dos sonhos e utopias.
Sou parente, irmão, de um rio sem fundo,
De águas sem moléculas.



Estou encurralado no abismo.
Estou enchafurdado nas cavernas.
Estou enclausurado no vácuo
Que separam céus de infernos.
Estou no Hades; e sem lanternas.



(**RIO DE JANEIRO**, 04 DE MARÇO DE 2017)


Comentários