**PERCALÇOS** - Manoel Ferreira


Percalços... Nonadas. Travessias. Vazio. Nada. Horizonte. Uni-verso. Abismos de pretéritos. Montanhas de vir-a-ser. Subjuntivas pontes partidas.
Sinto-me hoje cansado como se houvesse andado léguas e léguas. Tive de parar algumas vezes na rua para o devido descanso, poder seguir o itinerário até o meu destino. Isto sem dizer que o suor escorria no rosto. Quando a cabeça não pensa, o corpo padece.
Percalços... Infinito. Além. Aquém. Confins, arribas. Distância. Gerúndio de floresta silvestre. Flores que exalam perfume. Letras apagadas, ciências ocultas. Palavras omissas, esperanças olvidadas. Interdita serpente do sentido, veneno morrisca a alma dos sonhos re-vestidos pensâncias, versemorre a essência da vida, então o paradisíaco do vernáculo erudito dos desejos efemerizados flanam no éter dissolvido na liberdade do tempo, o celestial da perfeição clássica garatuja sonos linguísticos antes de quaisquer notas musicais, líricas, melodias, ritmos, só imaginando a vida viva antes da vida que é continuidade no tempo, que é sublimidade a preceder a origem da esperança do ser, origem que nasce na liturgia do nada seduzindo o efêmero, ludi-versejando o imperativo do absoluto com as re-versas luzes fosforescentes do des-vazio sudarizado de nadas-etéreos, mas a verdade do amor pleni-versifica a luz do verbo que se encarna eidos da poesia do além-espírito, águia que abre as asas frente ao inolvidável das fantasias da perfeição e voa o voado dos instantes nas linhas inscriptas de horizontes de outras nuanças e perspectivas do inaudito.
Aforismo às idéias conciliadas às éresis da esperança do estilo e esplendorosas idéias. O sonho do verbo é a sensibilidade da linguagem, prescripta erudição da trans-cendência, contingência inquieta com o efêmero dos êxtases. Inquietante a angústia com a imperfeição, ziguezague de contradições.



Manoel Ferreira Neto.
(08 de abril de 2016)


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