COMENTÁRIO DA SECRETÁRIA, ESCRITORA E POETISA ANA JÚLIA MACHADO AO TEXTO /**HALO VERDE DA LUA**/


HALO VERDE DA LUA
Manoel Ferreira Neto.



Delírios da opacidade
Que me flagelam a existência
Perecem, nas tenebrosidades mais estupras
Provocando-me sensação de pavor
E agrego ao temor vigília
Conduzindo-me suspeitas
Mas, mesmo assim os letargos da minha intelecção entorpecida
Eram mais encantadores que a cruel existência
E noitadas infindáveis que não adormeço, mas que por vezes o cansaço impera e cerro os olhos, e aguardo que algo aconteça e que a auréola brilhante da lua que adenttra em mim.....
Apenas, sobeja-me ab-rogar para ressurgir em outra grandeza
Onde não existe ablepsias nem dubiedades
Onde a luminosidade e o bem-querer imperam
Onde toda cerração debela-se
Onde meramente a querença é a realidade.
Careceremos do adverso em nosso cargo.
Do travo para recordar o mélico do desejo.
Indestrutíveis ferretes da existência são os opostos.
Que muitas ocasiões só percebem-se nos versos.



Ana Júlia Machado



**HALO VERDE DA LUA**



Dedico este texto ao escritor Goes Mariano com os meus sinceros respeitos e reconhecimentos.



Quanta vez, oh, desperto e abandonado, não entro pela noite dentro, aguardando não bem a madrugada nem o meu sono final, mas o vazio absoluto de um nunca mais para o passado e para o futuro! Presente que pres-en-ifica, pres-ent-ificando o aqui e agora.
O luar entra pela janela, transfigura tudo em aparições de espectros. Des-cubro, então, sentado aos pés da minha cama, o meu demônio solitário. Mas já o não temo nem quase reparo nele, tão habituado e quase desejoso da sua presença. Esqueço-o, silencioso, com os olhos fosforescentes no halo verde da Lua. E, tranquilo, soergo-me na cama, rodeado vastamente das coisas do mundo, povoadas de sombras concebidas pelas luminárias dos postes de cimento armado.
Os cães, amendrontados de lua, ladraram ao céu, agora dormem, perdidos na submissão universal. Longo tempo fico suspenso do silêncio. Ouço-o, saborei-o, sinto-o. Caminhos desertos onde, no entanto, parece-me ver as formas ocas e trans-parentes das presenças diurnas. Uma imobilidade nítida mineraliza tudo como em súbitas figuras de grutas, frouxamente iluminadas por um halo vaporoso. Até que, fatigado, mergulho nos cobertores e cerro os olhos, à espera de que qualquer coisa aconteça e tome conta de mim.



Manoel Ferreira Neto.

(07 de abril de 2016)

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