**AMIGAS DA VIDA** - Manoel Ferreira
Epígrafe:
Ontem, a amiga Graça Fontis perguntou-me se já realizo a minha
responsabilidade com os homens, amigos, conhecidos, íntimos, com a vida. Assim
realizada esta responsabilidade. (Manoel Ferreira Neto)
Literatura, Poesia na sua dimensão suprema são a "Vida", vida
que traz em si dentro sentimentos, emoções, sonhos, esperanças, utopias, fé, a
busca plena de valores trans-cendentais, desejos da felicidade, do belo, do
amor, da humanidade do ser... O homem são Literatura, Poesia, sintese do
con-ting-ente, trans-cendente, tese do mundo, do tempo e do ser, do vento e do
nada, do efêmero e do eterno, das veredas e sarapalhas, das sendas e horas de
Augusto Matraga... Não são palavras, metáforas, sin-estesias, isto são suas
re-{pres}-"enta"-[ações], utensílios de que se dis-põe para expressão
do que habita a alma, do que habita o íntimo, por onde se re-velam a querência,
desejância do ser da vida, da vida do ser. Palavras, em verdade, em verdade,
nada são por mais que tecidas e compostas com sensibilidade, espiritualidade, a
estética que advem destas duas dimensões se mostre plena na plen-itude do
eterno, se manifeste eterna na etern-itude do pleno.
Literatura, Poesia são a ressurreição, redenção. Por in-termédio delas,
a desejância do "Verbo", verbo a se tornar a carne do amor, amor que
habitando o peito sente a vida.
O homem jamais seria capaz de viver não fossem a Literatura, Poesia, as
pedras angulares onde ele se segura para todas as travessias, desde o não-ser ao
ser, desde o mal ao bem... O mundo anda mui errado, são solidões, carências,
medos, faltas, são depressões, angústias, tristezas a habitarem a alma humana,
e o homem roga à Literatura, à Poesia a semente, o húmus da vida.
Às vezes, não realizamos a Literatura e a Poesia o que é isto o homem
rogar de nós a sua vida, não realizamos esta responsabilidade que temos, a de
resgatar o ser que se foi perdendo nas contingências do presente e do agora.
Somos nós as responsáveis pelo abraço aconchegante e terno nos homens carentes
de um afago, pelo beijo molhado de saliva, meigo e compreensível nos homens
solitários e desejosos da presença de solidariedade e compaixão, aquele
"passar a mão na cabeça" num gesto caloroso de compreensão, cáritas,
amizade, até mesmo o "petaleco" na pontinha do nariz, símbolo de
carinho... A responsabilidade nossa é imensa, trans-cende tudo na vida. Por
vezes, não podemos dar a res-posta que todos esperam de nós, não podemos dizer
a "palavra" que todos desejam ouvir, pois são o futuro, são o ad-vir,
há-de vir, somos também o tempo, e nele também buscamos o nosso
"ser", mas a nossa presença sempre revelando carinho, amor, entrega,
dedicação, assim "deixe estar, meu querido amigo", "haverá
sempre sempre res-postas", "andemos de mãos entrelaçadas à busca de
nossas esperanças e sonhos", mostramos aos homens a nossa solidariedade, o
nosso amor. No alvorecer, "bom dia. Está tudo bem com você? Seu dia seja
esplendoroso, pleno de conquista e realização", um beijo molhado de saliva
da cáritas e da amizade.
Assim somos nós a Literatura e a Poesia: as companheiras eternas do
homem, as amigas imortais da vida.
Manoel Ferreira Neto.
(06 de abril de 2016)
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